Frank Howard Clark

"Um hábito é algo que você pode fazer sem pensar - e é por isso que a maioria de nós temos tantos deles."


O assunto mais comentado da última semana no meio televisivo, sem dúvidas, foi a cassação dos “direitos trabalhistas” da menina Maísa, 7 anos, apresentadora de programas infantis no SBT. O fato da garota ter chorado histericamente em dois domingos consecutivos chamou a atenção de vários desocupados que assistiam ao Programa do Silvio Santos no domingo a tarde, logo depois quando as imagens foram disponibilizadas na internet, de milhões de internautas e finalmente, como já era de se esperar, da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Osasco, que acabou revogando, no último dia 22, a licença que permitia a criança participar desses quadros matinais.


Pra quem voltou recentemente de Marte, Maísa é a nova estrela do canal, apresenta dois programas no final de semana, tem um quadro exclusivo no programa do Silvio Santos, onde é livre pra fazer suas peraltices e xingar o chefe quando bem entender e ganha um ordenado de aproximadamente 100 vezes mais do que eu ganhava no meu último estágio.


No meio de toda essa novela, uma das coisas que mais me encabulou foi a abordagem da imprensa a cerca do ocorrido. Pegamos a revista Veja, por exemplo. Deixemos de lado o claro cunho direitista da revista (pra um outro post, do Pedro, provavelmente =)) e a gostosa enrolada numa alface da capa. A reportagem relata de uma forma extremamente exagerada o que, de fato, aconteceu. Resumidamente, fizeram com que parecesse que Silvio Santos fosse o grande algoz da situação e, a pequena e delicada Maísa, como a indefesa nas mãos do manipulador que, inclusive, em certa parte matéria é acusado de sadista (??!). Sadista ele seria se obrigasse a menina a assistir a novela da mulher dele!


Um trecho diz:


Quinze dias atrás, ela já havia chorado durante o show dominical quando um garoto com maquiagem de monstro surgiu para lhe dar um susto. Maisa entrou em pânico e foi chamada de covarde pelo patrão (que, na verdade, recorreu a um termo chulo)


Quem viu o vídeo sabe que isso definitivamente não foi o que aconteceu.


Primeiro, o garoto travestido de monstro foi ao programa pra fazer uma apresentação de um quadro que ele, provavelmente, ensaiou exaustivamente para apresentar e no fim, ganhar uns trocados do SS, apenas. E não com o objetivo de amedrontar a pirralha como escrito acima. Aliás, deu dó do moleque até. Por causa do chilique, ele ficou sem se apresentar, sem prêmio e ainda saiu do palco sem nem ao menos dizer pra quê veio.


Segundo, termo chulo? Que porra é essa? Desde quando a palavra “medrosa” é chula. Quem lê a revista sem noção do que se passou até imagina o Silvio puxando um coro tipo: “Cu doce, cu doce, cu doce!”


Agora o que realmente me emputeceu foi recentemente tomar conhecimento disso – freemaisa.info – Alguns blogueiros se reuniram, teceram a lona e armaram um circo com a maior piada da internet dos últimos tempos. Ajudar crianças com câncer? Sem teto? Mc’s Mirins? Não! Salvar a frágil criança das garras do sádico impetuoso “judeu burguês” que a mantém sob forte vigília e correntes ancoradas. Não vou me delongar em depreciar mais esse “movimento”, mas eu me pergunto o que Mandela diria sobre isso.


Na boa, eu não culpo ela. Também não culpo Silvio, nem os pais. Acho que o que aconteceu é normal quando você lida com crianças. Às vezes elas simplesmente saem do seu controle e você não faz idéia do porquê. Nessas duas ocasiões, Maísa nada fez além de praticar o que ainda resta de criança nela, o que ainda não foi pulverizado pela maquinaria da fama e a pressão do sucesso, o que é a essência de toda criança... que é saber ser chato pra caralho!

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