Frank Howard Clark

"Um hábito é algo que você pode fazer sem pensar - e é por isso que a maioria de nós temos tantos deles."

http://www.blogdoprofessorpc.blogspot.comMuito infeliz a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em revogar a obrigatoriedade do diploma do curso de jornalismo nas escolas de comunicação do país. Mais humilhante ainda foi o ministro Gilmar Mendes, agora persona non grata entre os jornalistas, ter comparado jornalistas com um cozinheiro, não querendo desmerecer a profissão.

Eu sou favor da obrigatoriedade, mas certo ou errado, vai abaixo um texto que pesquei do Blog do Professor PC, escrito pelo FNPJ (Federação Nacional de Professores de Jornalismo) que diz tudo sobre o que está acontecendo.


Segue abaixo:

A exigência de diploma é absurda para jornalistas, mas também para advogados
Cleiton Boson


"Sou jornalista com diploma faz mais de uma década e, mesmo quando fazia faculdade, nunca me pareceu muito lógica a obrigatoriedade do diploma para jornalista. Essa obrigatoriedade sempre teve a carga de reserva de mercado sob um discurso de melhoria ética e técnica do campo jornalístico.

Mas o que sempre estranhei também é que esse questionamento (sempre muito forte no jornalismo) nunca teve o mesmo impacto em pactos corporativos onde o discurso da necessidade de diploma é tão inconsistente quanto para o jornalista. Um bom exemplo é o advogado. Assim como o jornalista, o advogado arroga para si o lidar com a objetividade e a imparcialidade a serviço da construção da verdade (uma utopia já superada até pela física e pela biologia, mas ainda forte nestes dois campos). Também como o jornalista, o advogado é um técnico que domina uma série de termos e os articula por meio do discurso (mas, a rigor não produzem conhecimento, ou seja, tanto o jornalismo quanto o direito não constituem uma ciência). Dentro dessa lógica, por qual razão uma pessoa que domine os conceitos e termos dispostos nos diversos códigos de leis que regem a sociedade não pode ser advogado? Conheço uma série de ex-presidiários que dominam muito mais o código penal do que muitos advogados incensados pela OAB e, no entanto, essas pessoas não podem advogar. Por qual razão?

Mais que isso! O que realmente define quem será advogado ou não é a famigerada prova da OAB (apenas 15% de quem a faz consegue ser aprovado). Ou seja, não importa se você passou seis anos num curso de direito, isso não te garante ser advogado. Seria muito mais lógico e democrático que qualquer um pudesse prestar a prova da OAB (tendo cursado direito ou não) e, se aprovado, deveria ser reconhecido como legítimo advogado.

A única diferença que vejo entre os advogados e os jornalistas é que a organização corporativa dos primeiros é bem maior que a dos segundos, além do fato de que eles possuem o monopólio sobre as leis e, portanto, definem o que é legal ou não. No entanto, como nem tudo o que é legal é legítimo, deveria-se começar a questionar a legitimidade de uma corporação que possui o monopólio das leis e de como isso pode ser danoso para uma experiência verdadeiramente democrática".


Para mais informações: http://www.blogdoprofessorpc.blogspot.com

0 comentários: