Frank Howard Clark

"Um hábito é algo que você pode fazer sem pensar - e é por isso que a maioria de nós temos tantos deles."

Luís Carlos Sarmento é um daqueles homens raros que existiu no jornalismo. Com uma brilhante capacidade de escrita e uma criatividade extraordinária, Sarmento marcou época e deixou saudades de um jornalismo que hoje parece não existir.


Conhecido com um homem que gostava de ser repórter na área policial e que muitas vezes criava suas histórias, mesmo que não tivesse veracidade, Sarmento passou pelos principais diários da cidade do Rio de Janeiro, como O Correio da Manhã, O Globo e o Jornal do Brasil.

E foi no Jornal do Brasil que uma das suas melhores histórias saiu. Estava Luís Carlos Sarmento num bar, na Cinelândia, Centro do Rio, quando ouviu de um vendedor de pipocas que os pombos do local haviam sumido. Pronto, nascia alí a história perfeito para um repórter perfeito, que não se preocupava com as verdades, mas sim em contar uma boa história.

Um dia após o ocorrido, o Jornal do Brasil passou a vender 800 mil exemplares por dia, ao invés dos 200 mil exemplares. Toda essa tiragem era devido a história de um gavião que comia pombos da Cinelândia. Não contente em criar o gavião, Sarmento ainda deu um ninho para ele, o relógio que ficava na torre da loja Mesbla, na Rua do Passeio.

A história precisava de um final, o editor do JB já pressionava o brilhante repórter por um final, e com contornos teatrais na trama, Sarmento contratou um homem e o caracterizou de caçador africano. O homem caçava o animal em pleno Centro da Cidade, imaginem a cena. Sarmento ainda arrumou um gavião empalhado e o colocou no alto torre.O caçador, ao ver o animal no alto da torre, deu um tiro e o gavião empalhado foi empurrado por um assistente de Sarmento torre abaixo. Outro assistente jogou sangue de galinha no gavião. O caçador e Sarmento foram até o local onde o animal estava, o enrolaram em folha de jornal e tiraram uma foto que virou capa no dia seguinte.

Esta história, de contornos dramáticos, é verdadeira; assim como tantas outras de Luís Carlos Sarmento. Elas estão todas no livro "Luís Carlos Sarmento - Crônicas de uma Cidade Maravilhosa", de José Amaral Argolo e Gabriel Collares Barbosa, da editora e-paper.

Eu recomendo!

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